sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

The Nail Gun Massacre (1985)

 

Se existe um diretor que tem culpa no cartório pela enxurrada de filmes slashers feitos na década de 80, este foi ninguém menos que o cultuado diretor italiano Mario Bava com seu famigerado Reazione A Catena a.k.a Banho de Sangue, feito na década de 70. Foi nessa década que foi dirigido um dos mais controversos filmes feitos na história do cinema, O Massacre da Serra Elétrica, por Tobe Hooper e objeto de culto por cinéfilos até os dias de hoje.

Muitos slashers foram feitos na década de 80, uma abundancia deste subgênero tomou conta durante este período, alguns feitos com uma certa qualidade e originalidade e outras nem tanto, como é o caso deste feito em 1985. Pegando carona no filme O Massacre da Serra Elétrica e com um fiapo de história, aqui ao invés da Serra, existe uma pistola de pregos!!!!! Exato, uma pistola de pregos!!! Pretexto para um banho de sangue, pouca história, mulheres peladas, péssimas atuações, cheios de clichês, e uma trilha sonora lembrando bem a do filme do Jason.

Portanto, peço a quem for ver que não esperem uma obra de arte, mas sim um filme bem divertido e ruim demais!! Fica a indicação!!! Por sua conta e risco!!!


sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Loucuras em nome da Sétima Arte

 


Vocês já fizeram alguma loucura em nome da sétima arte? Já surrupiaram algum poster de alguma videolocadora e saiu correndo com ele embaixo do braço? Aquele display bonitão na calçada chamando a atenção e de repente você esbarra nele, e sem querer deixa cair e então sai correndo com ele pra sua casa? Aquela fita que ninguém alugava e você ficava de butuca esperando o momento ideal para alugar e aí vinha aquela vontade louca de trocar os rolos com uma fita caseira sua??

Alguma vez você já fez uma loucura destas?

Se sim, bem-vindos ao mundo dos fanáticos por filmes!! Se não, bem, você não é bem vindo aqui!! Por favor, ao sair, apague a luz!!! Brincadeiras à parte hoje é dia de mais um relato daqueles típicos do que um ser humano é capaz de fazer por causa de um filme!!

Sempre deixo bem claro em conversas em redes sociais ou com amigos que meu filme de cabeceira é o Eles Vivem do John Carpenter, de 1988. Não é necessário alongar com análises profundas ou pareceres e críticas acerca do filme, pois aqui nesta postagem é irrelevante este tipo de análise, sendo que vou relatar mais uma diabrura deste que vos escreve.

Certa feita, havia uma locadora aqui na minha cidade, hoje não existem mais, todas elas faleceram, uma pena, ela se chamava Vênus Locadora, o dono era uma pessoa de idade que replicava as fitas usando outro VHS e punha para alugar!! Uma verdadeira loucura!! Claro que uma hora a casa iria cair!!!

Pois bem, ele tinha o VHS dublado do filme Eles Vivem, então fuçando aqui e ali nas prateleiras, acabei encontrando esta fita pegando poeira atrás de várias outras fitas de gênero terror/scifi. No momento que vi esta fita toda empoeirada, logo pensei, ninguém conhece este filme e ninguém vai dar por falta dela, porque não a alugar e ficar com ela por uma semana!! Claro que sim!! Vamos lá!!

Aluguei-a, no primeiro dia, vi que o filme estava em perfeitas condições, sem nenhum problema na exibição e o áudio dela também, imagem e áudio limpos, e logo pensei, por que não fazer uma cópia?? Lá vamos nós e fazer uma cópia em cima de uma fita que tinha um monte de coisa gravada!! A cópia não ficou lá aquelas coisas, porém o que mais queria era guardar o áudio dublado!!

Depois de 03 ou quatro dias com a fita, fui até a locadora e devolvi, pagando até a multa por ficar além do prazo, mas paguei com gosto, aliás a multa não era muito cara.

Depois de uma semana, voltei a mesma locadora e peguei novamente a mesma fita, mas desta vez com a certeza de que eu faria a gambiarra de trocar os rolos da fita por outro, de uma fita que tinha alguma coisa gravada da qual não me lembro e não vem ao caso agora lembrar!!

Enfim, desmontei-a, fiz a troca e devolvi sem saber se algum dia alguém viu a gravação que fiz ao trocar os rolos dos filmes!

Não sei exatamente como pude fazer tal coisa, acredito que foi aquele ímpeto de ter o filme em uma versão que só tinha visto quando passou no Supercine da Rede Globo, lá pelos idos dos anos 90 e nunca mais pude ver. É um dos filmes que marcou minha infância e que até hoje tenho um carinho todo especial por ele, pois tenho praticamente o filme em todos os formatos de mídia, do VHS legendado ao formato 4K!!

Tudo por um filme!!!!


sexta-feira, 29 de julho de 2022

Lembranças de Outrora - Relato de um fanático por filmes (época de ouro das videolocadoras)

 


Um dos primeiros filmes que vi quando criança foi um filme de terror. Acredito que na década de 80 ou 90 qualquer criança ao entrar em uma videolocadora, a primeira coisa que vinha a mente era de ir direto na sessão de filmes de terror, ou a de adulto, digo pornô...pelo menos era o que eu gostava de fazer na época. Sempre o que era proibido, coisa de criança.!! A curiosidade era tanta que a nossa mente já começava a fervilhar, e quando a coragem batia para entrar na sessão de filmes pornô a gente era barrado pelo dono do local por algum cliente adulto que não deixava de jeito nenhum a gente entrar.

Na época, o tipo de mídia que existia era o saudoso VHS, então toda vez que se entrava neste tipo de estabelecimento era uma loucura ver tantas fitas nas prateleiras, uma cornucópia de títulos e mais títulos ocupando todo o espaço físico das locadoras da época.

Mas vamos ao que interessa, pois o que quero enfatizar aqui é sobre um dos primeiros, senão o primeiro filme de terror/scifi que vi quando criança.

Nada mais satisfatório para uma criança de 8 ou 10 anos ao ver seu primeiro filme, ainda mais se for de terror, sendo ele trash ou mais pesadão. Meus pais não ligavam muito para o que via, pois nunca ficavam bravos ou algo do tipo, então o negócio comia solto, eram altas madrugadas vendo só pérolas e durante o dia, depois das aulas, era um atrás do outro. Foi numa dessas tardes que o bicho pegou. Um filme chamado Time Walker – O Viajante do tempo de 1980, um filme totalmente irrelevante para o público em geral, mas para um molecote era a coisa mais foda de todas. Assistir a um filme de terror em que uma múmia volta a vida e começa a matar meio mundo. O Plot era o mais sem vergonha possível, o filme tinha um fiapo de história e os efeitos, ah!! os efeitos, mas quem liga para isso, não é mesmo? O que importa era o sangue jorrando, membros decepados, e por aí vai.

O videocassete que tinha na época era um Panasonic G21, todo de ferro, coisa mais linda, parecia ter saído de um filme de ficção, era uma verdadeira máquina, mas a fita não. O sacrifício que foi para ver o dito cujo foi tenebroso, lembro que tinha de pressionar a fita para cima para dar imagem e foi assim durante toda a projeção, mas enfim, isso era o de menos. O importante foi que fiquei uma semana com a fita e tive que pagar várias locações e mesmo assim foi uma experiência boa demais. Claro que houve várias destas epopeias, mas esta foi a que mais marcou minha vida, por ser o primeiro filme que vi.

Uma outra hora, conto como foi a experiência de assistir ao filme O Exorcista, logo depois ter visto o filme da múmia assassina!!!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022

As várias versões de Apocalypse Now



A década de 70 foi conhecida como a década que mudaria o jeito de se fazer cinema, foi a década da revolução cinematográfica. Cineastas independentes estavam à espreita do mainstream cinematográfico, só esperando a oportunidade de mostrar ao mundo como se fazer cinema de forma autoral, sem precisar dos grandes estúdios. Foi o movimento chamado na época de Nova Hollywood, ou New Wave, se preferirem, também conhecido como o Renascimento de Hollywood.

Foi a década que apresentou ao mundo diretores que entrariam para os anais da história do cinema, como George Lucas, Steven Spielberg, Sam Peckinpah, Francis Ford Coppola, Arthur Penn, Bob Rafelson, Dennis Hopper, Martin Scorsese, John Boorman, Peter Bogdanovich, Sidney Lumet, William Friedkin, Brian de Palma, Stanley Kubrick, entre outros. Para quem quiser de aprofundar no tema, tem um documentário lançado em 2003, intitulado Easy Riders, Raging Bulls e o livro Como a geração sexo drogas e rock ́n ́roll salvou Hollywood de 1998 de Peter Biskind.

Dentre várias produções como Easy Rider, dirigido por Dennis Hopper, filme ícone contracultural e que até hoje é objeto de culto e que mudou uma geração toda, Uma Rajada de Balas de Arhur Penn, Cada um vive como quer de Bob Rafelson, A Outra Face da Violência dirigido por John Flynn e um dos preferidos do cineasta Quentin Tarantino, Comboio do Medo de 1977 de William Friedkin, entre tantos filmes deste movimento, uma produção se destaca, e é dela que falaremos aqui nesta resenha: Apocalypse Now de 1979, do Sr. Coppola.

Não será necessário resenhar sobre sua importância para a sétima arte, e é chover no molhado ficar elogiando ou fazendo análises mais profundas acerca da película, uma vez que, em artigos anteriores, já havia mencionado que não sou crítico de cinema ou nenhuma pretensão a ser. O foco aqui é simplesmente sublinhar algumas diferenças entre as quatro versões que o filme possui.

Na época do seu lançamento, a versão que foi levada às telas foi a versão de cinema, contando com 153 minutos, uma vez que, grande parte das cenas foram cortadas para a edição final, sendo que o filme passou de seu orçamento e levou um ano para ficar pronto, percalços a parte, podem ser vistos no documentário lançado em 1991, Hearts of Darkness: O Apocalipse de um Cineasta, dirigido por sua esposa Eleanor Coppola.

Em 2001, foi lançado pelo diretor uma versão de 202 minutos, intitulada de Apocalypse Now Redux, e em 2019 uma versão chamada The Final Cut com 181 minutos, lançada a partir dos negativos originais, restaurado em 4K, sendo considerada pelo próprio diretor a melhor versão já feita.

A versão cheia ou melhor dizendo a edição sem cortes, como pode ser chamada Workprint, conta com 289 minutos de duração, um pouco mais de 5 horas, e jamais fora lançada, existindo apenas uma versão Bootleg em Betamax, com uma qualidade não tão boa, porém assistível. Uma versão que causará uma imersão total a obra-prima do diretor.

A partir deste ponto, teremos alerta de spoilers para quem nunca assistiu a obra, e citarei apenas algumas diferenças das outras versões.

Nesta versão, logo na cena inicial onde toca The End dos The Doors, a cena dura aproximadamente 10 minutos, mesclando imagens de Willard bêbado em seu quarto com uma prostituta, e ao fundo, sons das hélices de helicópteros nas selvas do Vietnã. Durante toda a projeção do filme, não existe trilha composta por Carmine Coppola, uma vez que foi optado por inserir várias canções da banda citada.

Não há narração em off nesta versão, os diálogos de Robert Duvall são ininteligíveis por causa das cenas com os helicópteros, as cenas com as Playmates da Playboy têm mais tempo em tela, e por aí vai e a lista é imensa de takes que não estão nas versões Teathrical, Redux e Final Cut.

A cena em que Willard recebe sua missão é mais longa e contém muito mais diálogo. O general informa a Willard que a missão é puramente voluntária e ele não pode recusá-la. O general também oferece a Willard uma promoção a major após a conclusão da missão. Por alguma razão, o Coronel Kurtz é referido nesta cena como "Coronel Leevy". Há algumas tomadas externas da base militar.

A cena onde toca a obra de Wagner, 'Ride of Valkyrie' é mais longa do que a versão original do cinema, aqui nesta versão a cena dura aproximadamente 30 minutos, mostrando muitas cenas não utilizadas e tomadas alternativas.

Nesta versão, existe uma cena de 10 minutos onde Kurtz lê o poema ‘The Hollow Men’ de T.S Elliot.

A cena em que Willard encontra Kurtz em seu quarto contém mais diálogos... já que Kurtz deixa claro que sabe por que Willard está ali.

Uma cena em que Kurtz conversa com Willard na gaiola de bambu enquanto duas crianças sentam em cima da gaiola e balançam insetos no rosto de Willard. Ele diz a ele que Willard é “como seus colegas em Washington, mestres mentirosos que querem vencer a guerra, mas não querem parecer imorais ou antiéticos”.

Essas cenas acima citadas são algumas das quais pertencem a esta versão de mais de cinco horas de duração. Lembrando que não existe lançamento oficial em nenhum formato de mídia, seja ela DVD, VHS, Blu-ray ou Laserdisc. Como disse em parágrafo anterior, é o Holly Grail das Workprints de um dos melhores filmes já feitos na história do cinema.